domingo, 8 de fevereiro de 2009

Bullying escolar

BULLYING ESCOLAR (MICROVIOLÊNCIA)
Atualmente, os profissionais da educação, alunos e pais vêm se surpreendendo com problemas de violência entre jovens alunos de classe média. Apesar das preocupações, generalizadas, os olhares dos pesquisadores têm se voltado, majoritariamente, para as manifestações de violência entre jovens das classes populares (SPOSITO, 1994). Este é um problema que afeta as nossas escolas, comunidades e toda a sociedade. Existe violência moral, intimidação ou bullying nas escolas de todos os países. O certo é que este comportamento não está restrito a nenhum tipo de instituição. Além disso, a única forma de evitá-lo é uma ampla discussão com pais, professores e alunos e a orientação particular de casos observados.
A maioria dos alunos está em contato com atos violentos em todas as esferas de seu relacionamento. Comportamentos de pressão, opressão, intimidação, gozação, perseguição são comuns em seu dia-a-dia. Obviamente, nem todos estes acontecimentos podem ser caracterizados com o bullying, o qual é descrito como um comportamento recorrente que causa baixa auto-estima e insegurança em seus atores. Normalmente existem três tipos de envolvidos em uma situação de violência moral: o expectador, a vítima e o agressor. Alguns episódios esporádicos e brincadeiras próprias de cada faixa etária, mesmo com comportamentos inadequados, não trazem conseqüências para a auto-estima das crianças, fazendo parte de seu desenvolvimento e de sua socialização.
O expectador é aquele jovem ou criança que vê diariamente as situações de bullying e torna-se inseguro e temeroso. Ele não conta suas impressões por receio de tornar-se alvo ou por ter sido ignorado pelos adultos nas tentativas que fez de comentar certos fatos.
A vítima é aquele jovem ou criança frágil que é freqüentemente ameaçado, intimidado, isolado, ofendido, discriminado, agredido, recebendo apelidos e provocações, tendo seus objetos pessoais furtados ou quebrados. Normalmente mostra-se arredio, demonstra medo ou receio de ir para escola e não procura ajuda por sentir-se indefeso. Ele pode ter baixo rendimento escolar, ficar deprimido, ansioso, ter dificuldades de sono e pesadelos.
O agressor normalmente aprendeu a usar um comportamento agressivo com os adultos para resolver seus problemas. Apresenta um comportamento de intimidação e provocador permanente. Acha que todos devem atender seus desejos de imediato e demonstra dificuldade de colocar-se no lugar do outro. Tanto ele, quanto suas vítimas, apresentam dificuldade de relacionamento, são inseguros e sentem pressão em algum momento.
O bullying marca a auto-estima, a personalidade e a vida de uma criança e de um jovem. Muitos jovens que viveram situações de opressão revoltam-se contra seus agressores e contra os expectadores, causando verdadeiras tragédias. Outros, por se acharem merecedores dessa exclusão e concordarem com sua desvalorização, tentam ou cometem suicídio. Tal problemática tem muitas implicações do ponto de vista da prática educativa, e suas diferentes manifestações têm preocupado de forma especial pais e educadores. Portanto, os atos repetidos entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de poder são as características essenciais que tornam possível a intimidação da vítima. Quando não há intervenções eficazes contra o bullying, o espaço escolar torna-se totalmente corrompido. Todas as crianças são afetadas, passando a experimentar sentimentos de ansiedade e medo. Os alunos que sofrem bullying, dependendo de suas características individuais e dos meios em que vivem principalmente os familiares, poderão não ultrapassar os traumas sofridos na escola.
O médico Aramis Lopes Neto, coordenador da pesquisa da ABRAPIA (Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência) afirma que: “Trata-se de um problema complexo e de causas múltiplas. Portanto, cada escola deve desenvolver sua própria estratégia para reduzi-lo. A única maneira de se combater o bullying é por meio da cooperação de todos os envolvidos: professores, funcionários, alunos e pais. As medidas sócio-educativas tomadas pela escola para o controle do BULLYING, se bem aplicadas e envolvendo toda a comunidade escolar, contribuirão positivamente para a formação de costumes de não violência na sociedade”.
Aqueles que praticam bullying contra seus colegas poderão levar para a vida adulta o mesmo comportamento anti-social, adotando atitudes agressivas no seio familiar (violência doméstica) ou no ambiente de trabalho.

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